Nestas férias, mergulhei nas memórias há muito desabitadas dos meus 9/12 anos, lado a lado com duas grandes amigas de então. Um reencontro que, obstinado, se fez esperar por mais de 40 anos.
Não tenho a ilusão de que seja possível trazer de volta o passado, por mais que nos esforcemos. Mas, naquela noite, conseguimos aproximá-lo tanto que quase lhe pude tocar!
Mesmo que o tempo já não nos devolva agora os rostos exactos de que nos lembrávamos, mesmo que a minha memória albergue apenas fiapos dessas vivências, mesmo que tenha de tomar de empréstimo algumas das histórias que as minhas amigas conseguem resgatar do passado, há uma emoção indizível que não se engana.
Porque as recordações não povoam apenas a nossa mente. Elas são pele, são corpo, são o nosso ser.
Só isso explica que me veja entrelaçada, num ímpeto sem aviso prévio, num abraço especialmente sentido com duas pessoas de cujos rostos só aos poucos vou recuperando traços.
E à mesa farta do jantar, calcorreamos de novo aquele caminho que nos levava e trazia da escola primária. Uns quilómetros de pó ou lama, consoante a estação, mas que, para nós, era terreno fértil onde a imaginação germinava profusamente.
Uma alfarrobeira tornava-se palco de faz-de-conta, consumindo-nos tempo que os pais reclamavam. E, por mais que se queixassem, as bicicletas, generosamente partilhadas, lá seguiam esquivando-se às pedras e aos buracos, às vezes deitando por terra a dupla carga para que não tinham sido moldadas.
Já as sobremesas deliciosas nos aliciam a cometer mais um pecado e ainda desbravamos reminiscências: o pátio da escola onde fazíamos as refeições, o campo em terreno inclinado onde disputávamos fervorosas partidas do jogo do mata, as festas de anos que nos juntavam nas casas umas das outras.
Saciadas e de alma cheia, despedimo-nos convictas de que, desta vez magnânimo, o reencontro vai deixar-nos reunir em breve para que possamos ainda percorrer juntas mais alguns quilómetros de vida.
Obrigada S. por teres sido a obreira deste momento. E obrigada às duas por fazerem parte da minha vida.
É verdade Amiga foi um dia maravilhoso, jamais esquecerei,e a tua cara quando te apresentei a Ilda como minha irmã, quase não tivemos tempo para grandes conversas mas foi o suficiente para voltarmos por horas ao passado. Deram-me uma grande alegria,beijinhos às duas e que Deus abençoe vocês minhas amigas queridas