Natureza, o meu guia de auto-ajuda

Tenho o privilégio de todos os dias poder desfrutar do contacto com a Natureza, nas minhas caminhadas matinais.
Uma Natureza aqui e ali algo domesticada, ou não estivéssemos num parque urbano, mas que, na sua maior parte, se apresenta sem constrangimentos artificiais e me brinda com os encantos da sua espontaneidade.

Com ela me apercebo dos ciclos da vida – por mais que as alterações climatéricas nos teimem em trocar as voltas e baralhar as estações, ainda é na Primavera que as árvores por aqui se enchem de flores que antecipam os frutos de Verão. E é também com a Primavera que surgem as primeiras andorinhas que enchem de animada alegria o começo dos meus dias.
Já no Outono, é impossível não reagir aos cambiantes das folhagens que me ficam na retina e que tento perpetuar em tímidas reproduções fotográficas, ao mesmo tempo que me acompanha a nostalgia de ver que as andorinhas se perdem num último voo.
E quando sair para o frio desafiante é um ato de arrojo que me torna orgulhosamente parte de uma comunidade muito restrita de quantos de afoitam a tal, sei que estou no glorioso reinado do Inverno.

Mas este contacto diário com a Natureza é uma dádiva muito mais profunda do que um calendário vivo. No seu renovar contínuo, encontro alento para a superação de algumas dificuldades.
Numa erva que desbrava caminho para a vida por entre as rachas do cimento que o ser humano plantou vejo uma lição para criar as minhas próprias oportunidades.
Na aparente desordenada introspecção que o seu fruir me proporciona, encontro resposta para alguns problemas e resolvo o enigma de certos sonhos que, mesmo pouco lembrados, me provocam por vezes um despertar inquieto.

Mas é na mestria dos pequenos pormenores, das gotículas de água que dão corpo a uma teia de aranha, ao aroma que se esconde nas folhas da murta, do vento que me empurra para a liberdade, à flor da chicória que me enfeitiça a vista, que a mente se apazigua e deixa fluir os sentidos.

Aí, nesses breves mas intensos momentos, eu não sou corpo, não sou razão. Sou. Apenas. Não olho, vejo. Não escuto, ouço.  E do meu interior liberta-se uma torrente de energia que me chega à flor da pele na forma de arrepios, que me provoca bocejos incontroláveis e me escancara sorrisos incontidos que chegam aos lábios, aos olhos e, sobretudo, à alma.

Obrigada, Natureza, por esta inspiração de todos os dias!

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