Não, não estou a querer saber se há algo errado com a sua audição. Estou a falar de deixar que os sons lhe cheguem de forma pura, original. Sem interpretações da mente. Sem intermediários.

Estou a falar de resgatar, na sua herança ancestral, o ouvir de forma plena de quando a vida – ou a refeição – dependia disso. De ouvir todos os sons que o seu sentir alcança.

Concentre-se nos sons à sua volta, dos mais audíveis aos mais difusos. Ouça o rumor dos seus passos, da sua respiração. Antecipe a passagem de um carro e persiga-o até que ele fique fora do seu radar. Perceba que, bem ouvido, cada espécie de ave tem o seu próprio cantar…

Este é um exercício que eu tento fazer com alguma frequência aproveitando, sobretudo, as minhas caminhadas matinais. E é impressionante como, afastada a mente desta equação, o corpo se empertiga, para todo ele e não só os ouvidos, se entregar a este momento!
 

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