Quem anda à chuva… liberta-se

As minúsculas partículas de água projectam-se da infinita abóboda cinzenta.
De tal maneira leves e etéreas – qual chuva de faz-de-conta – mal dou nota de que me caem em cima enquanto prossigo na minha caminhada matinal.

Tão teatrais quanto insistentes, elas vão, aos poucos, fundindo-se-me à pele e esvaziam-me os poros do acordar acabrunhado a que um sono inquieto me votou. 
E dou por mim a abrir-lhes os braços para as receber como uma benção.

Liberta dos últimos resquícios de uma noite mal dormida, toda eu sou agora sentidos.
O emaranhado de sons dos chilreios dos pássaros desfaz-se e cada um me chega aos ouvidos de forma marcadamente distinta.
Num repente, todo um universo de verdes me enche o olhar, com destaque para o prateado que mistura as folhas das ervas com as gotículas de chuva que se desprenderam do céu.

Num toque sublime de dádiva, uma folha acobreada ampara as gotas de água que se formaram a partir dos ínfimos flocos. Como que a dizer que nada é pequeno de mais para se revelar importante.


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