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Furoshiki, a técnica do “quadrado”

De uma forma simples, podemos dizer que furoshiki se refere a panos quadrados usados para embrulhar e transportar coisas. Trata-se de uma técnica japonesa com mais de mil anos cujo segredo para embalar os mais variados objetos reside “apenas” na arte de dobrar e dar nós nas peças quadradas de tecido.

Esta prática foi diminuindo no Japão no período pós-guerra, em parte pela proliferação de outros materiais de embalar, como o papel e o plástico. As questões ambientais, e a necessidade de nos tornarmos mais sustentáveis, têm feito ressurgir esta arte que capta cada vez mais adeptos noutras partes do planeta.

Pano com história

A história do furoshiki está associada à própria história do Japão. O início do seu uso data do chamado período Nara (710-784). Mas a sua primeira designação foi tsutsumi (embrulho) e os panos eram utilizados como protecção para objectos preciosos.

Já no período Heian (794-1185), panos usados para embrulhar e transportar roupas para a nobreza foram chamados hiratsusumi (envoltório/embrulho plano).
É no período Muromachi (1338-1573) que surge a designação furoshiki, supostamente relacionada com a tradição japonesa dos banhos públicos. A palavra – formada por furo (banho) e shiki (espalhar) – significa algo como “banho espalhado” pois o furoshiki era usado como tapete quando a pessoa se despia e onde “espalhava” as roupas que depois eram “embrulhadas” e assim transportadas.

O furoshiki vulgarizou-se e passou a servir para embrulhar e transportar quase tudo.

Recuperar tradição sustentável

A partir do pós-guerra, a proliferação de outros materiais de embalar, como o papel e o plástico, originaram o decréscimo do uso do furoshiki. Mas as preocupações ambientais estão a fazer ressurgir essa tradição.
Em 2006, a então ministra do Ambiente japonesa, Yuriko Koike, lançou uma campanha intitulada “Mottainai Furoshiki” com o objectivo de recuperar esta prática.

A palavra monttainai, de origem budista, tem um significado amplo cuja tradução mais simples pode ser “não desperdice” mas que, ao mesmo tempo, pode ser interpretada como “cada pequena coisa tem uma alma“. Para os japoneses, mais do que uma expressão, é uma filosofia de vida. Daí que tenha sido feita essa associação ao furoshiki na campanha do Ministério do Ambiente do Japão.

Campanha “Mottainai Furoshiki”, Japão, 2006 – imagem ilustrativa das possíveis formas de usar o furoshiki

Furoshiki na era do “eco”

Desperto para a sustentabilidade, o resto do mundo começa também a interessar-se pelo furoshiki. São já imensas as referências na internet e os tutoriais, muitos vindos do Brasil onde a comunidade japonesa é muitíssimo significativa.
Em Portugal, a Embaixada do Japão lançou, em 2020, vídeos onde se ensinam as técnicas usadas para embrulhar diferentes objectos (Aprenda furoshiki).

No entanto, ainda não é muito fácil encontrar furoshiki à venda, excepto, claro, no Japão, onde há lojas só destes panos.

Loja em Quioto, da “MUSUBI”, marca japonesa especializada em furoshiki, desde 1937

Os preços dos furoshiki são tendencialmente elevados mas variam de acordo com os tecidos – que vão desde o poliéster ao linho e à seda -, os tamanhos e os acabamentos. Os designs têm cada vez maior influência, com a criação de colecções de autor.

Fontes: https://www.britannica.com/; https://nicjapanese.com/column/furoshiki/

 

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